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Crédito continua em alta, apesar dos juros

O volume total de financiamentos cresceu 20% nos últimos 12 meses.

Apesar da alta da taxa de juros para consumidores e empresas registrada no primeiro semestre - de 4,5 pontos percentuais, para 39,5% ao ano em junho - o crédito continua em expansão acelerada no país. O volume total de financiamentos cresceu 20% nos últimos 12 meses. Só o crédito imobiliário subiu 50% no período, atingindo 47,2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), o maior patamar da série do Banco Central (BC) iniciada em 1988. O ritmo continua acima dos 15%, considerados saudáveis pelo Banco Central para que não haja pressão sobre a inflação.

Os dados parciais de julho (até o dia 13, com nove dias úteis), apontam expansão no volume de empréstimos de 1,1%, acompanhada de incremento de 0,8% nas concessões diárias. Para pessoas físicas, a alta é de 1,4%.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, admitiu que uma ampliação do crédito de 20% é ainda muito alta. Mas insistiu que a tendência é de queda, mencionando que após ter crescido 20,6% em dezembro, o montante total de crédito na economia subiu 7,5% no primeiro semestre deste ano.

- Você teve um segundo semestre de 2010 mais forte em termos de expansão e a nossa expectativa é que no segundo semestre deste ano esse comportamento não se repita e - disse Maciel, citando as cinco altas da Taxa Selic em 2011 e das medidas de restrição ao crédito.

Para Miguel de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac), para fazer com que o volume de crédito cresça em torno de 15%, o BC terá que adotar medidas macroprudenciais mais duras, como reduzir prazos de financiamentos longos. Com prestações mais altas, explicou, o consumidor pode pensar duas vezes antes de assumir uma dívida.

- As medidas tomadas até agora não foram suficientes para provocar o que o BC quer, que é reduzir a demanda - disse Oliveira.

Os dados apontam ampliação do prazo de pagamento dos financiamentos, que atingiu 575 dias para pessoas físicas, o maior da série, iniciada em junho de 2000. Mas, para Maciel, do BC, isso não significa que as condições dos empréstimos estão melhores. Segundo ele, os tomadores estão trocando dívidas de curto para longo prazo.

Após ligeira queda nos juros médios em junho, de 0,5 ponto percentual em relação a maio, os percentuais voltaram a subir neste mês, segundo o BC. Até o dia 13, o percentual estava em 40,2% em média ao ano, com alta de 0,8 ponto percentual sobre o fim de junho para pessoas físicas e de 0,7 ponto percentual para empresas. O spread (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada do tomador) também subiu 0,6 ponto percentual.

As principais modalidades de crédito para pessoa física - cheque especial e crédito pessoal - recuaram 0,7 ponto percentual em junho, ficando em 184,7% e 49% ao ano, respectivamente. Em junho, o índice de atrasos acima de 90 dias ficou estável em 5,1%, para pessoas físicas e jurídicas. A inadimplência dos consumidores nas operações vencidas entre 15 e 90 dias, depois de ter atingido pico de 6,7% em março, recuou para 6,3% em junho.

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