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Desorganização financeira é o principal obstáculo para o sucesso de microempresas no Brasil

No Brasil, 29% das microempresas fecham as portas antes de completarem cinco anos de atividade

O número de empreendedores individuais no Brasil tem apresentado um crescimento acelerado nos últimos anos, com uma média de 7,2 mil CNPJs abertos por dia somente em 2022, de acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Desde a regulamentação das Microempreendedoras Individuais (MEIs) em 2008, o país tem observado um aumento exponencial no número de microempresários. No entanto, segundo o Sebrae, 29% das MEIs fecham suas portas antes de completarem cinco anos de atividade, sendo a desorganização financeira o principal entrave para o sucesso desses negócios.

A falta de planejamento financeiro adequado é apontada como um dos maiores desafios enfrentados pelos empreendedores. Paulo Marostica, planejador financeiro e sócio da Matriz Contábil, ressalta a importância da educação financeira nesse contexto, principalmente para aqueles que nunca administraram seu próprio negócio.

Segundo o especialista, seguir algumas orientações básicas é fundamental para empreender com uma base sólida e tomar decisões financeiras inteligentes. “Antes de iniciar seu negócio, é fundamental fazer um planejamento financeiro detalhado. Isso inclui estimar os custos iniciais, como equipamentos, aluguel, estoque e marketing, além de prever as despesas mensais, como salários, contas e impostos. Então, elabore um plano de negócios realista e revise-o regularmente”, aponta.

Paulo Marostica também destaca a importância de estabelecer uma reserva de emergência, especialmente no início do empreendimento, devido às incertezas que podem surgir. “Abrir um negócio envolve incertezas e imprevistos podem surgir. É essencial ter um montante separado para lidar com situações inesperadas, como uma queda nas vendas ou uma despesa urgente. Recomenda-se ter uma reserva suficiente para cobrir, pelo menos, de três a seis meses dos custos operacionais ou até a maturação do negócio”, explica.

O controle das finanças pessoais também merece atenção por parte dos empreendedores. Manter as finanças pessoais separadas das finanças do negócio é crucial para um adequado controle de caixa. O empreendedor pode definir um salário para si mesmo e deve evitar retirar fundos excessivos da empresa antes que esta esteja devidamente estabelecida, garantindo, assim, a preservação do fluxo de caixa.

Outro aspecto importante no dia a dia do negócio que exige planejamento é o relacionamento com fornecedores e parceiros. É fundamental negociar com esses agentes visando obter condições favoráveis, realizar pesquisas de mercado, comparar preços e buscar descontos para pagamentos à vista ou prazos flexíveis.

No entanto, não basta apenas realizar o planejamento inicial e esperar que tudo corra bem. Marostica enfatiza a importância de acompanhar e analisar regularmente as finanças do negócio, manter registros atualizados das receitas e despesas, analisar o fluxo de caixa e monitorar indicadores-chave de desempenho, como margem de lucro e ponto de equilíbrio. Essas informações fornecem insights valiosos sobre a saúde financeira do negócio e auxiliam na tomada de decisões embasadas.

Levando em conta a complexidade do sistema tributário brasileiro, o planejador destaca a importância de buscar ajuda profissional. Contadores e consultores financeiros qualificados podem auxiliar no esclarecimento de questões contábeis, na escolha da estrutura legal mais adequada para a empresa e orientar o empresário em busca do caminho mais sustentável tanto para ele quanto para seu negócio.

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